27/02/2011

Praça Dom José Gaspar

E os trabalhos da faculdade sempre nos levam a descobrir lugares pelos quais você sempre passa, mas nem sempre percebe.

Essa praça, a Dom José Gaspar é um desses lugares, pois a maioria sabe onde fica, mas não sabe que esse é seu nome, alguém alguma vez já passou por lá quando foi ao centro de São Paulo e nem percebeu que estava lá.

Para a disciplina de Planejamento Paisagístico, "ganhamos de presente" essa praça como tema de pesquisa, levantamento de dados e inserção na cidade. Eu e meu grupo estivemos no local e prestamos muita atenção nos detalhes, na vegetação, nas pessoas e no que havia ao redor, e o resultado desse levantamento e pesquisa, você logo abaixo com as fotos que tirei e com as informações que pesquisamos.

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A PRAÇA

Praça Dom José Gaspar está localizada na área central da capital de São Paulo, tendo de um lado a Avenida São Luís e de outro a Rua da Consolação. Trata-se de espaço ajardinado atrás da imponente Biblioteca Municipal de São Paulo, a "Biblioteca Municipal Mario de Andrade". Foi toda reformada e aos domigos acontece o projeto Piano na Praça, da Secretaria Municipal de Cultura da cidade de São Paulo.

OBRAS DE ARTE

"Cruzeiro", de Autor Desconhecido,"Miguel de Cervantes", de Rafael Galvez, "Goethe", de Tao Sigulda, "Frederich Chopin", de Autor Desconhecido, "Dante Alighieri", de Bruno Giorgi, "Mário de Andrade", igualmente de Bruno Giorgi, "Camões", de José Cucê.

HISTÓRIA

No século XIX, a Cúria Metropolitana de São Paulo comprou da família Souza Queiroz um palácio na região da Rua São Luís. O imóvel serviu de residência para o arcebispo da cidade. Durante a primeira gestão do prefeito Prestes Maia, ele foi desapropriado e, em 1942, demolido para que ali fosse construída uma praça. No ano seguinte, o então arcebispo de São Paulo, Dom José Gaspar d'Afonseca e Silva, morreu. A praça foi batizada com seu nome em 1949.

QUEM ERA DOM JOSÉ GASPAR

O Dom José Gaspar de Afonseca e Silva nasceu em Araxá, Minas Gerais, em 6 de janeiro de 1901. Muito jovem ainda foi trazido para São Paulo onde realizou a maior parte de seus estudos. Em 1912 entrou para o colégio São Luís, de Itu, concluindo aí o curso de Humanidades. Em dezembro de 1915 ingressou no Seminário Provincial de São Paulo, pondo batina em 6 de março de 1917. Começou, logo a seguir, os cursos de Teologia e Filosofia, terminando-os em 1923. Em 12 de agosto do mesmo ano recebeu a ordenação sacerdotal. Iniciou o sacerdócio como coadjutor da Paróquia da Consolação, Capital Paulista. Em 1924 seguiu para Roma, afim de cursar Teologia, Filosofia e Direito Canônico no Colégio Pio-Latino. Viajou depois a estudos para a Grecia, Síria, Palestina e Egito. De volta a São Paulo, exerceu as funções de professor e mestre de disciplina no Seminário Provincial, assumiu a reitoria dessa casa de ensino em 1933. Em 23 de abril de 1935 foi sagrado bispo titular de Barca e auxiliar de São Paulo. Com o falecimento de D. Duarte, primeiro arcebispo metropolitano de São Paulo, foi eleito para sucedê-lo em 1939. Achava-se nessa ocasião em Itanhaém, veio para Capital três meses depois, onde foi festivamente recebido. Realizou à frente daquela arquidiocese fecunda admistração de todos os serviços eclesiásticos; deu grande impulso à construção da nova catedral; empreendeu melhoramentos no Museu da Cúria; deu desenvolvimento à imprensa católica e de várias outras instituições culturais; organizou o projeto de basílica de Aparecida do Norte; foi o responsável pela multiplicação das paróquias; pelo recrutamento paroquial e a Ação Católica, promoveu a Semana de Estudos de Ação Católica para o Clero e a grande obra de organização do Quarto Congresso Eucarístico Nacional realizado em São Paulo. Faleceu em virtude de um desastre aéreo, em que um avião de carreira, da linha Rio-São Paulo caiu na ponta do Calabouço, no Rio de Janeiro, no ano de 1943.


Fontes:
http://www.dicionarioderuas.com.br/
http://pt.wikipedia.org/wiki/Pra%C3%A7a_Dom_Jos%C3%A9_Gaspar

12/02/2011

A Jóia Sequestrada

A bela fazenda La Carolina, situada em uma antiga plantação de cana-de-açúcar do século 19, no Estado de Yaracuy, em plenas montanhas andinas da Venezuela, acaba de ser desapropriada pelo presidente Hugo Chávez. Comprada em 1989 por US$ 300 mil e reconstruída pelo diplomata Diego Arria, essa propriedade de 370 hectares já foi cantada nas páginas da Architectural Digest e consta do livro que reúne trabalhos do conhecido decorador colombiano Juan Montoya, editado pela Villegas Editores.
Alegando irregularidades no registro de propriedade, apesar de a fazenda ser produtiva (já foi premiada por ser modelo de sustentabilidade e de preservação ambiental, com plantação orgânica de café), nada deteve Hugo Chávez. Irritado com Arria, que, em recente Fórum Mundial pela Liberdade, em Oslo, o comparou aos piores ditadores da história, o presidente declarou em seu programa de TV, em rede nacional, que a fazenda do diplomata, que ele chama de "velho oligarca e ladrão", se parece com a do seriado americano Falcon Crest. Aproveitou para exibir ao país cenas de crianças brincando na piscina da "terra liberada" - que podem ser vistas no link http://www.youtube.com/watch?v=1T6whBpCv2w - e, com ironia, acrescentou que mandou benzer a água antes da farra. Mandou também um recado para o proprietário: "Para ter suas terras de volta, você terá, antes, de me enterrar. A fazenda pertence agora à revolução", exclamou, entre mais insultos à burguesia e à legalidade.

Diego Arria, que há 17 anos mora em Nova York, já foi prefeito de Caracas, congressista, ministro de estado, candidato à presidência em 1978, representante de seu país nas Nações Unidas e depois secretário-geral assistente da organização, além de presidente do Conselho de Segurança onde instaurou a "fórmula Arrias", um modo de flexibilizar e tornar mais informal a consulta entre os países-membros, não ficou calado. Qualificou a ação de Chávez como vingança política e lamentou que, por demagogia e propaganda pessoal, o presidente venezuelano esteja estimulando crianças a saquear e roubar a propriedade alheia. Contou que dez funcionários armados, depois de subjugar o responsável pela fazenda, se dirigiram ao quarto principal, onde um deles atirou-se na cama e pôs-se a comentar, em termos chulos, o que Chávez poderia fazer ali. Em outra ocasião, diante de um advogado, um dos capangas sacou da pistola e ameaçou o profissional dizendo que lhe sobravam balas.
Arria afirmou também que o "tenente coronel" não precisava tê-lo desafiado a enterrá-lo. "Dou-lhe de presente minha fazenda para que ele ali se aposente. Mas somente depois de devolver a paz e a Venezuela aos venezuelanos. Não tenho dúvidas de que Chávez, em breve, será um prontuário ambulante para as cortes internacionais de justiça."

Restauração. A fazenda La Carolina, que viveu seu apogeu na segunda metade do século 19, período da cana e do café, se deteriorou a partir do momento em que o petróleo foi descoberto no país, em 1920. Quando adquirida pelo diplomata, em 1987, apenas duas estruturas destelhadas e um pátio com chão de lajotas rústicas próprias para a secagem do café existiam no terreno. A ideia de Juan Montoya e do arquiteto venezuelano Nelson Douiahi foi, além de restaurar as duas ruínas, construir quatro unidades em volta de um grande pátio, com capela, estábulo, salas de estar, armazém, ala da família e de hóspedes, de modo a criar um conjunto que parecesse uma vila de interior no mesmo estilo despojado do passado.

Onde era antes um galpão para armazenar cana, foi criada a suíte principal. No começo da reforma, desconfiados da ideia de ter o quarto num local de pé-direito tão alto, os Arrias se deixaram convencer por Montoya, conhecido por seu dom de dar novo sentido a espaços inicialmente destinados a outras funções.
O que se quis, ao preservar os traços do passado, foi basicamente manter a rusticidade da fazenda. Os tetos são forrados ou com ripas de madeira ou com varas de bambu. Vigas de madeira sustentam a construção e servem de terminação no alto das portas internas. Os apliques de luz arredondados, que mais parecem fazer parte da parede, iluminam com discrição e sem destoar da estrutura. As lindas e originais lajotas de barro em forma de um oito que se encaixam no chão de modo pouco usual foram reproduzidas a partir de algumas antigas encontradas no local.

Na decoração, onde a maioria dos tapetes é de sisal, belas urnas de terracota pré-colombiana compõem uma valiosa coleção. Eram expostas sobre um degrau de alvenaria formando um grande L ao longo da parte inferior das paredes do extenso salão onde dois enormes ventiladores pendem do teto alto. Apenas um divã de ferro na transversal separava o ambiente de ler e relaxar daquele de se tocar e ouvir música. E havia belos móveis e objetos, ou antigos, ou então reproduzidos por artesãos locais, para enriquecer e aportar qualidade a esse ambiente isento de maior luxo ou pretensão. Havia assim, a escrivaninha do século 19, que servia de base para as garrafas antigas de cristal, os espelhos mexicanos sobre as pias, as mesas vestidas com antigas toalhas brancas bordadas e a coleção de porcelana azul e branca que enfeitava e trazia alegria à sala do café da manhã. Nos vasos, sempre flores colhidas no campo. Penduradas, gaiolas coloridas decoravam o ambiente. Nas varandas que rodeiam a casa, muitas redes em cores vivas mas tecidas de forma bem diferente das nossas nordestinas.

Homenagem à filha morta. Arria tem três filhas que ali cresceram. Uma quarta, que morreu cedo e se chamava Carolina, deu nome à fazenda e à pequena capela, com imagens que a família espera não terem sido também roubadas. Sabe-se que as roupas, os quadros, o mobiliário, as fotos e as lembranças dos Arrias já se foram, assim como quatro cavalos. Consta que as vacas e os cavalos de montaria estariam sendo doados como se a ninguém pertencessem.
Será de muito lamentar o desaparecimento ou a destruição de uma figura religiosa colombiana de um apóstolo do século 18 e de um fragmento de altar dourado do período colonial, quase beirando o teto, que enriqueciam um décor agora ameaçado de extinção pela ira de Hugo Chávez e que tem o sabor amargo da tão retrógrada revolução cultural chinesa.

Fonte: Estadão (fotos e reportagem)