Estive lá no começo no ano passado, mais precisamente em Março, e não sei porque não coloquei nada no blog. Então, aproveitando que coloquei as informações sobre a casa da Rua Itápolis, vou atualizar com informações sobre essa casa que é tão legal quanto, e é de fato a primeira construída.
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Fotos tiradas pelo Robson Leandro :)
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A Casa Modernista da rua Santa Cruz localiza-se no distrito de Vila Mariana, em São Paulo. Projeto do arquiteto Gregori Warchavchik é considerada a primeira residência modernista do Brasil, e é tombada pelo poder público estadual por sua importância histórica, artística e arquitetônica.
Em 1927, em função de seu casamento, começa a construir para si, na rua Santa Cruz, bairro de Vila Mariana, em São Paulo, aquela que seria considerada a primeira casa modernista do país, concluída em 1928. O projeto, a construção, a decoração, os interiores, os móveis e as peças de iluminação, são de autoria do arquiteto. Mina Klabin Warchavchik, além de prover financeiramente a obra, também colaborou com o projeto paisagístico para o jardim - eventualmente também considerado o primeiro projeto paisagístico moderno do país, embora tal afirmação também encontre divergências.
Muitos foram os obstáculos para tal empreendimento, desde a aprovação da fachada pela prefeitura até a disponibilidade do material desejado e o emprego da mão-de-obra. Para conseguir a aprovação dos “censores de fachadas” da Prefeitura de São Paulo, Warchavchik teve de apresentar um projeto ligeiramente camuflado com ornatos. Mas, ao começar a construção, alegou falta de recursos para tais acabamentos e assim a casa ficou conforme seu ideal - livre de rebuscamento, estuques e cornijas.
A beleza da fachada terá que resultar da racionalidade do plano da disposição interior, como a forma da máquina é determinada pelo mecanismo que é a sua alma. Manifesto número um da “Moderna Arquitetura Brasileira”.
Com esse projeto, surge uma das polêmicas mais importantes do movimento moderno, provocado pelo arquiteto Dácio de Morais, que o criticava em artigos do Correio Paulistano. Também no Correio, em 1928, Warchavchik responde às críticas com o artigo “Arquitetura Nova”, no qual encontra-se o seguinte trecho:
Não querendo copiar o que na Europa está se fazendo, inspirado pelo encanto das paisagens brasileiras, tentei criar um caráter de arquitetura que se adaptasse a esta região, ao clima e também às antigas tradições desta terra. Ao lado de linhas retas, nítidas, verticais e horizontais, que constituem, em forma de cubos e planos, o principal elemento da arquitetura moderna, fiz uso das tão decorativas e características telhas coloniais e creio que consegui idear uma casa muito brasileira, pela sua perfeita adaptação ao ambiente. O jardim, de caráter tropical, em redor da casa, contém toda a riqueza das plantas típicas brasileiras.[1]
Em suma, seu projeto para a casa teve como objetivo a racionalidade, o conforto, a utilidade, uma boa ventilação e iluminação – ideais preconizados por Le Corbusier. Inspirado nas paisagens brasileiras, criou uma arquitetura que se adaptou à região, ao clima e às tradições do país. O uso das telhas coloniais ao lado das linhas retas – principais elementos da arquitetura moderna – e a composição da arquitetura com o jardim de flora nativa de caráter tropical, projetado por sua esposa, deram à residência um aspecto muito brasileiro.
Durante a construção da casa, Warchavchik se deparou com alguns problemas devidos às limitações técnicas do país. Teve de vencer dificuldades como o alto preço dos materiais - cimento, vidro e ferro - e com a falta de uma indústria de acessórios construtivos típicos da arquitetura moderna. Além disso, teve de se transformar em mestre de obras, uma vez que a mão-de-obra também não estava preparada para tamanha inovação. Para tanto, montou oficinas para a execução de esquadrias de madeira lisa e, graças a um mestre de marcenaria alemão, introduziu no país a madeira compensada. A alvenaria também não pôde ser feita de concreto armado, mas de tijolo revestido por cimento branco.
Participantes da Semana de Arte Moderna de 1922, como Oswald de Andrade, Anísio Teixeira, Mário de Andrade, Osvaldo da Costa e Mário de Andrade, opinaram sobre o sucesso de Warchavchik, ao conseguir uma essência nacional na casa sem comprometer o objetivo de romper com os elementos tradicionais da Arquitetura.
Reforma de 1934
Em 1934 o arquiteto resolve reformar a casa, deslocando a entrada frontal para lateral e incluindo uma marquise. O mesmo se dá com o portão de acesso ao terreno, que é deslocado para a esquerda, onde se encontra até hoje. Foi ampliada a sala de estar, que avançou sobre a varanda e no piso superior foi criada uma varanda em substituição ao telhado colonial existente, um banheiro e foi ampliado o quarto principal. Os caixilhos originais em ferro foram substituídos por madeira e o caixilho com basculantes na escada foi substituído por blocos de vidro cilíndricos.
Atualidade
A casa, hoje pertencente ao Estado de São Paulo, foi tombada em 1986 [2] pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado e reconhecida como Patrimônio Histórico pelo IPHAN, tornando-se um parque. O tombamento se deu por intermédio de moradores da região que queriam impedir a implantação de um loteamento residencial, proposto por uma construtora, para o local.
Durante décadas, a casa da Rua Santa Cruz recebeu inúmeros projetos de restauro, sem que nada ocorresse de efetivo. Durante muito tempo esteve em péssimo estado de conservação. No final da década de 1990, um grupo de arquitetos fundadores da Escola da Cidade propôs implantar no parque-jardim, de aproximadamente 13.000m², uma escola de arquitetura; porém, foi impedido pela Secretaria da Cultura e pela Associação Pró-Parque Modernista, receosas de que a intervenção prejudicasse o parque.
Mais recentemente, representantes brasileiros de uma associação mundial que visa a preservação do patrimônio arquitetônico moderno, reuniram-se com o objetivo de solucionar os problemas da Casa de Warchavchik. O parque foi utilizado durante algum tempo por um grupo escoteiro para a manutenção e o cuidado.
Nos anos 2000 são realizadas obras para a restauração do imóvel, com a primeira etapa de 2000 a 2002 e segunda entre 2004 e 2007. Estas reformas restauraram a casa principal, mas o orçamento foi insuficiente para a recuperação da edícula e do parque.
Em março de 2008, o governo do Estado transferiu para a Prefeitura a responsabilidade pelo uso e manutenção da Casa Modernista. Como permissionária do imóvel, realiza trabalhos emergenciais e a reabre o parque e a casa em agosto do mesmo ano. No entanto, o conjunto precisa de completa recuperação ainda em andamento no final de 2008. Atualmente é uma das onze casas do Museu da Cidade de São Paulo.
OBS: informações retiradas do site http://pt.wikipedia.org/wiki/Casa_Modernista_%28rua_Santa_Cruz,_S%C3%A3o_Paulo%29.
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