Após uma reforma que custou R$ 8 milhões, o segurança do número 757 da Avenia Ipiranga, no Centro de São Paulo, tem que ter paciência com a curiosidade dos transeuntes ao verem a fachada imponente, as antigas bilheterias com cortinas de veludo vermelho e, pelas portas de vidro, escadarias cobertas por tapetes vermelhos. Para os saudosos da Cinelândia, como era conhecido o circuito de cinemas do Centro, o Cine Marabá, fechado desde 2007, abriu novamente suas portas ontem, dia 31/05/2009. O edifício foi reformado e restaurado pela PlayArte e os arquitetos Ruy Ohtake e Samuel Kruchin.
Inaugurado em 1945, o prédio é tombado desde 1992 e, por isso, fachada, saguão e detalhes decorativos foram mantidos, como os espelhos, as paredes revestidasde mármore de Carrara, o deslumbrante lustre, e as belas colunas que tiveram 12 camadas de tinta removidas até a cor e textura originais serem encontradas. O piso do saguão foi recriado com cerca de 60 mil peças de madeira e o mármore das antigas bilheterias e escadarias também foi recuperado. As entradas do antigo mezanino também foram mantidas e, por isso, as salas 4 e 5, respectivamente com 161 e 176 lugares, podem causar estranheza aos frequentadores de cinema, já que as cadeiras centrais simplesmente não existem.
Em compensação, como afirmou o próprio Ruy Ohtake, quando as lindas portas de couro restauradas do saguão são abertas é que o visitante te o "maior susto". No lugar em que havia a única sala do Marabá, com 2720 metros quadrados e 1438 lugares, agora estão, bem ao estilo contemporâneo do arquiteto, uma bomboniere, duas salas ovais com cerca de 120 lugares cada, e a principal, com 430 lugares. Para o arquiteto a maior dificuldade foi tranformar a única sala em cinco e fazer o contemporâneo conviver com o antigo.
Além de ser a maior do multiplex, a sala I conta com platéia stadium (visibilidade de todas as poltronas) e tela para projeções em 3D. E, para quem quer ver um pouco mais do que foi mantido do edifício original, ela guarda surpresas. Apesar de dividir com duas salas menores um espaço comum moderno, com espelhos e paredes listradas, a sala guarda detalhes ddecorativos encontrados durante a restauração e reforma. "Nessa sala encontramos um ornato que estava escondido embaixo do palco, assim como detalhes da boca de cena que também não estavam visíveis. E restauro é isso mesmo, é o deixar vir a tona. O forro também é original, só mudamos a cor. Antes era rosa, mas eesa cor interfere nas projeções contemporâneas", explicou Kruchin, responsável pela restauração.
Acho que vale a visita, primeiro pelo patrimônio recuperado que dá um pontapé inicial na revitalização do centro de São Paulo, segundo porque os filmes são atuais, terceiro porque é muito especial ir a um lugar onde as pessoas antigamente só iam de vestido longo, chapéus e depois da sessão tomavam chá.
Curiosidade: O primeiro filme exibido no Cine Marabá foi o drama "Desde que Partiste", clássico com Shirley Temple e Claudete Colbert. um ano depois de sua inauguração, ele já era a décima sala com maior público da cidade. Em 1957, com 1,7 milhão de espectadores, ficou atrás apenas do Art-Palácio.
Informações do Jornal Metrô News, Edição Final de Semana, distribuída em 30/05/2009. XXXV - 32 e www.arcoweb.com.br
Foto do Site: http://cinemaraba.wordpress.com/
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